Destinos. E, logo abaixo Dele, cultuamos os Sagrados Orixás
como suas potências Divinas que governam a Criação, sendo que os identificamos
apenas por alguns dos seus aspectos ou qualidades que os distinguem, os
diferenciam, os individualizam, separando-os como as partes de um todo Divino.
Essa ideia, sinteticamente, define o Panteão umbandista e
fundamenta sua cosmogonia, sua Teogonia, sua androgênese e sua teologia,
fornecendo aos estudiosos da Umbanda um manancial de informações inesgotável.
Esse manancial, se já era inesgotável, esperamos ampliá-lo
para que tanto os estudiosos quanto os médiuns umbandistas avancem um pouco
mais na identificação e compreensão do vastíssimo “universo” oculto por trás
dos Orixás.
O fato que estou conduzindo grupos de estudos do Sacerdócio
Umbandista no Colégio de Umbanda Sagrada Pai Benedito de Aruanda, grupos estes
que, espiritualmente, são conduzidos por um espírito que se apresenta como
“Caboclo Pena Branca”, sendo que outros grupos já foram conduzidos pelo
“Caboclo Arranca Tocos”. E, durante as iniciações dos médiuns, que o internas e
realizadas dentro do nosso centro escola, o Senhor Pena Branca surpreendeu a
todos nós porque alterou toda a nossa compreensão do Universo espiritual
umbandista, expandindo-o de tal forma que nossa visão atual é outra, muito mais
ampla que a que tínhamos antes.
O nosso entendimento anterior era esse: - Temos a linha dos
Caboclos, das Crianças, dos Boiadeiros, dos Exus, das Pombas giras e dos Exus
mirins, etc.
Na iniciação perante
Iemanjá, depois dos médiuns incorporarem suas Mães Iemanjás pessoais, que são
Orixás naturais regidas pela Mãe maior Iemanjá, ele nos transmitiu isso:
-Filhos, o vosso
entendimento atual lhes ensina que vocês possuem Um Caboclo (a) regido por um
Orixá; possuem um Preto (a) velho (a) regido por outro Orixá; possuem um Baiano
regido por outro Orixá; possuem uma Criança regida por outro Orixá; etc. e isso
é certo, mas não é toda a verdade sobre as linhas de forças espirituais porque
cada Orixá possui sob sua irradiação todas as linhas espirituais. Isto quer
dizer o seguinte:
- Que Iemanjá possui ou rege linhas de trabalhos espirituais
formadas por Caboclos (as) de Iemanjá; de
Pretos Velhos (as) regidos por Iemanjá; de Baianos (as)
regidos por ela; de Crianças regidas por ela; de Boiadeiros regidos por ela; de
Marinheiro regido por ela; de Exus Pomba giras e Exus mirins regidos por ela,
além das Sereias e outros povos do mar. Ela rege linhas de trabalhos
espirituais com os graus que conhecemos dentro da Umbanda, mas também rege
muitas outras linhas (ou hierarquias) de trabalhos espirituais que são
totalmente desconhecidas pelos médiuns umbandistas.
Ela, uma única Mãe Orixá seria capaz, ou melhor, é capaz de
sustentar toda uma religião só com o seu poder
Divino e seus Mistérios Sagrados, que são universais e são
aplicados na vida de todos os seres (espirituais ou
não) gerados por Deus. Tal como o Mestre Jesus ou Mestre
Sidarta Gautama (o Buda) dão sustentação ao Cristianismo e ao Budismo, Iemanjá
poderia sustentar um religião tão grande quanto essas duas. Mas o mesmo poderia
fazer cada um dos outros Orixás cultuados na Umbanda.
E, para provar o que
ele dissera, odos os médiuns incorporaram suas Iemanjás pessoais e a seguir
começaram a incorporar seus Pretos (as) velhos (as), Caboclos (as), Crianças e
Baianos (as) regidos por Yemanjá. Paramos com a incorporação da linha dos Baianos
regidos por Iemanjá, com todos os médiuns incorporando cada linha invocada, mas
poderíamos prosseguido na incorporação das demais linhas que todos as
incorporariam.
E na semana seguinte, durante a iniciação perante a Sagrada
Mãe Oxum, o Senhor Pena Branca repetiu as mesmas incorporações, com os médiuns
incorporando guias dessas linhas de trabalhos acima citados, mas agora regidos
por Oxum. Ao final ele nos deu essa explicação.
- Filhos de Umbanda,
saibam que cada um de vocês possui nas suas linhas de forças espirituais Guias
de uma mesma linha, para cada um dos quatorze Orixás regentes das Sete
Irradiações Divinas, mas em cada uma delas só um é ativo, pois os outros são
passivos e atuam como auxiliares do que é ativo.
O Guia ativo
incorpora sempre que a linha dele é invocada e vocês o chamam de “meu Caboclo
ou de “meu Preto velho ou de “meu Baiano”, etc., mas eles estão ligados a
outros treze espíritos do mesmo grau (Caboclo, Preto velho, Baiano, etc.,) que
vocês não conhecem, mas que também estão ligados a vocês e fazem parte do vosso
enredo ou trama espiritual”.
Cada Orixá cultuando
na Umbanda ampara com seu poder Divino todas as linhas de Umbanda e, porque
nela o termo Preto Velho (a), Caboclo (a), Erê, Baianos (as), Boiadeiro,
Marinheiro, Exu, Pomba Gira, Exu Mirim são “graus” que distinguem as Correntes
ou Hierarquias espirituais e cada Orixá sustenta suas correntes espirituais com
esses graus.
Logo existem Caboclos (as), Pretos velhos (as), Erês,
Baianos (as), Boiadeiros (as), Marinheiros (Sereias), Exus, Pomba giras e Exus
Mirins de Oxalá, de Logunan, de Oxum, de Oxumarê, de Oxossi, de Obá, de Xangô,
de Egunitá, de Ogum, de Yansã, de Nanã, de Obaluaiê, de Yemanjá e de Omulu, mas
em cada grau só um é ativo em um médium e todos os outros são passivos e atuam
como seus auxiliares nas outras irradiações. Portanto, se o Caboclo de “frente”
ou de trabalho de um médium é de Oxossi (regido por Oxossi), esse Caboclo
“carrega” outros treze Caboclos, com cada um deles regido por outro Orixá
diferente.
E, se o Preto velho (a) de frente ou de trabalho de um
médium é regido por Nanã, esse Preto velho (a) “carrega” outros treze Pretos
velhos (as), com cada um deles regido
por outro Orixá. E, sucessivamente, o mesmo acontece com todos os guias
espirituais de “trabalhos” dos médiuns umbandistas.
A soma dos guias
ativos e seus auxiliares e grandes e nos mostra quanto é importante que os
médiuns umbandistas se doutrinem, aprendam e evoluam praticando e caridade aos
seus semelhantes com fé, amor e racionalidade.
Afinal, se as forças
espirituais de um médium são muitas e estão à sua volta, distribuídas num
enredo muito bem organizado, essas forças exigem o comprometimento dele perante
Deus e os Orixás, buscando o aprendizado e o aperfeiçoamento consciencial,
senão o abandonam e deixam-no exposto aos espíritos inferiores, denominados
Kiumbas, que são grandes mistificadores e enganadores
de médiuns relapsos.
Esperamos ter deixado
clara a grandeza Divina dos Sagrados Orixás. Também, que um único orixá pode
dar sustentação a uma religião e, justamente por isso, em cada centro de
Umbanda o Orixá de frente do dirigente sempre se destaca sobre os demais que o
amparam.
Por: Rubens Saraceni
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